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Compositores

"A Amanda Carpenedo é uma violonista que sempre me chamou muito a atenção - tanto pela sua sonoridade robusta e límpida, quanto por sua técnica impecável e sua capacidade interpretativa. Há vários anos, eu já vinha pensando em um tema para dedicar a ela, desde que a vi tocando em um trio de violões, durante uma das vezes que estive em Porto Alegre. Inspirado por estilos musicais mais distantes do Choro - meu universo musical mais familiar - busquei retratar a Amanda de modo que ela pudesse exibir um pouco de sua expressividade e talento. E fiquei muito satisfeito com o resultado!"

 

Alessandro Penezzi 

"A peça "As Viagens de Amanda" tem como ideia principal trazer emoções de uma viagem. O 1ºmovimento se trata do preparo de sair de casa, algo suave e melódico, já no segundo movimento já estamos a caminho da cidade, sendo uma valsa um pouco mais “empolgada”, com algumas pequenas escalas. O 3º movimento é o deslumbre de conhecer um novo lugar, algo mais movido como se fosse uma dança, trabalhando bastante cromatismo e acordes mais dissonantes. O 4º movimento é a ida para casa, com alguns efeitos lembrando um trem e trêmulos melancólicos lembrando a estadia na cidade e por fim o último movimento ao qual trabalhamos harmônicos trazendo um sentimento de saudades daquilo que foi passado."

 

Flávio Schaffka

"Onde a sombra de ti é uma obra para guitarra solo percussiva, composta a partir do poema homónimo de José Saramago (1992- 2010), cujos materiais musicais foram conseguidos através de uma derivação via técnicas e processos criptográficos, pela transcrição e codificação do próprio texto.

 

A sua génese surge numa proposta de colaboração com a guitarrista e investigadora Amanda Carpenedo, a quem a obra é dedicada, proposta essa fundada na combinação das investigações individuais do compositor – criptografia musical – e da guitarrista – técnicas percussivas para guitarra – numa simbiose criativa que culminou na exposição do projeto num formato de palestra-recital, que foi desenvolvido e apresentado em várias conferências nacionais e internacionais. 

 

Numa perspetiva composicional, as palavras de Saramago foram trabalhadas de várias formas – divididas pelas suas letras e/ou sílabas, invertidas, fragmentadas, etc. – e transcritas para vocabulário musical, em termos frequênciais e temporais, de forma a desenvolver materiais harmónicos, rítmicos, e tímbricos, que foram inscritos nas 3 secções principais da obra: “saudade”, “sombra” e “fantasma”.

 

“Onde a sombra de ti, o meu perfil

É linha de certeza. Aí são convergentes

As vagas circulares, no seu limite

O ponto rigoroso se propaga.

Aí se reproduz a voz inicial,

A palavra solar, o laço da raiz.

Nasce de nós o tempo, e, criadores,

Pela força do perfil coincidente,

Amanhecemos deuses de mãos dadas.”

 

(SARAMAGO, José. (1985). “Provavelmente Alegria”. Alfragide: Editorial Caminho, p.27)."

João Ricardo

"A inspiração para esta composição nasceu de uma sugestão contida em um vídeo da própria Amanda. Nele, ela propôs criar uma peça musical utilizando apenas as casas 2, 4 e as cordas soltas na afinação DADGAD.

 

Decidi evitar a tonalidade de Ré, já que seria uma escolha bastante convencional. No entanto, acabei por me render a esse desafio pessoal. Mesmo assim, enviei o resultado para Amanda, que me incentivou a completar a música. Rapidamente, criei uma segunda parte e deixei um momento de improvisação livre no meio. Durante esse improviso, Amanda demonstrou um domínio impecável tanto nas técnicas de percussão no violão quanto na criatividade harmônica e melódica.

 

Ao concluir a composição, percebi que ela tinha um tom brincalhão e divertido, evocando de certa forma uma sensação "infantil". Remeteu-me às brincadeiras de roda da minha infância, combinadas com o ritmo do Baião, o que inspirou o nome "Baião de Roda"."

Paco Nabarro

“Essa composição foi criada em junho de 2023, inspirada na violonista Amanda Carpenedo, uma talentosa violonista que conheci pela internet, durante a pandemia por Covid-19, quando fomos apresentados pelo querido amigo e talentoso violonista Waldir Jr, devido ao interesse mútuo nos estudos sobre violão percussivo. Ao longo dos anos, Amanda e eu, fomos estreitando a amizade por conversas virtuais. 
  Acredito que o principal motor de conversas é palavra, então, decidi estruturar a composição na palavra; e, como palavra maior para esta composição escolhi o próprio nome da homenageada, sendo “Amanda Carpenedo” o ímpeto para converter em material musical através de estratégias técnicas específicas de composição que tenho testado ultimamente, como: adaptação do código morse pra filtrar ritmos musicais, aglutinação entre letras do alfabeto latino e o espaço de classe de notas (CN) circular costumeiramente utilizado em estratégias pré-compositivas da teoria pós-tonal no pós-modernismo, onde foi extraído o conjunto de CN: 013 e, a partir deste, desenvolvida uma série dodecafônica similar a escala octatônica com simetria semitom-tom. Diante às operações pré-compositivas, diversas congruências foram encontradas, como, por exemplo, o nome “Carpenedo” representado pelo conjunto de CN: 205341, poder ser abordado como derivação do nome “Amanda”, representado pelo conjunto de CN: 013. 
  Nesta obra foram abordadas um par de linguagens estético-musicais, com estratégias pós-tonais, harmonização por sintaxe tonal, intersemiótica entre a comunicação morse e a música, a hibridação musical entre abordagem da música de concerto e a música popular; e, técnicas expandidas por bi-tone, tapping, golpes percussivos no violão, pizzicato alla Bartók. O título desta obra para violão percussivo solo, não poderia fugir do seu ímpeto, portanto após a música composta foi denominada “carpe ad aman”, expressão em latin traduzida por “escolha amar”, como uma mensagem que a querida homenageada poderá ofertar, enquanto executa a obra, aos seus ouvintes apreciadores, bem como aos fazedores de música, propondo, então, que a partir do amor podemos inter-relacionar as estéticas, pensamentos e gostos num ato de confluência. Por fim, gostaria de dizer que fico imensamente honrado por Amanda ter gravado a obra e lançado em seu primeiro álbum de violão solo” 

Ruan de Souza

"Tudo começou em 2015 quando conheci a obra 'Koyunbaba' Op. 19 de Carlo Domeniconi, que toquei no ano seguinte. O primeiro desafio encontrado foi com relação à afinação utilizada na peça, definida da seguinte maneira (a contar da 1ª para a 6ª corda): Mi, Dó#, Sol#, Dó#, Sol#, Dó#. Isso significa que apenas a primeira corda mantém a afinação original. Ao mesmo tempo, eu estava conhecendo e ouvindo cada vez mais obras de Egberto Gismonti, incluindo a obra 'Maracatu', que é a principal fonte de inspiração para a composição 'Estudo de Afinações nº 1: Estrada para a Paz' [JL 42]. Quando comecei a escrever esses estudos, a ideia inicial era fazer uma única obra com série de peças utilizando diferentes afinações para entender e explorar diferentes possibilidades (motivo pelo qual chamei de 'estudo'). Essa ideia sofreu modificações e, hoje, cada estudo é uma obra separada. Sobre esta peça, é estruturada em forma livre, como uma fantasia, contando com uma longa parte lenta que começa com harmônicos mostrando as possibilidades iniciais desta afinação, um tema inicial, transições mais dissonantes até mudar drasticamente para uma seção mais rítmica, utilizando um dos padrões rítmicos do Baião como base para o baixo e utilizando trechos do tema apresentado na primeira parte, além de movimentos de terças paralelas inspirado no 'Maracatu' de Gismonti. O nome 'Estrada para a Paz' faz alusão a um pequeno trecho de estrada de chão que percorríamos para ir à casa da Amanda para comemorarmos algum aniversário, festa junina ou, simplesmente, passar um tempo com pessoas amigas."

Jean Lopes Baiano

"Uma efígie é basicamente uma representação da imagem ou simplesmente rosto de alguém, seja numa moeda, pintura ou mesmo escultura. A famosa "cara" que antagoniza com a "coroa". 
Conheço a Amanda Carpenedo desde o período em que entramos na faculdade. Ela sempre teve uma personalidade artística bem marcante, bastante ressaltado nas suas preferências de repertório, algo que costumávamos chamar de "músicas com a cara da Amanda". Quando comecei a compor essa peça, prometi que tentaria fazer algo que ficasse bem a "cara" dela, o que inspirou inclusive o nome da mesma. 
Mas que características são essas? Uma certa brasilidade na construção rítmica, somado a um certo feeling pop na construção melódica e harmônica, com uma certa elaboração no desenvolvimento temático e uma certa predileção por técnicas expandidas de percussão, tudo isso forma o que eu consegui identificar como mais marcante nessa personalidade artística, sendo a "cara" dessa peça e, em maior ou menor dose, também a "cara" do álbum Motirõ."

Mariano Telles

"Este pequeno Estudo n. 4, foi composto em 2021 para a concertista Amanda Carpenedo, motivado por seus conteúdos na internet, no que se refere às suas pesquisas sobre scordaturas, em particular a "D-A-D-G-D", e técnica estendida. No geral, é inegável a influência que o idiomatismo da guitarra elétrica/violão e de alguns gêneros musicais como o Blues, exercem sobre mim. Consequentemente, eu acabo explorando modalismo e pentatonismo. Essa peça, em particular, é para violão solo, com processo intuitivo de composição, cuja linha melódica e harmônica fora composta diretamente na afinação citada, originalmente teve formato AB, com uma pequena introdução acrescentada posteriormente, o uso de repetições e abertura para "sons percussivos" à gosto da intérprete. Eu fico muito feliz por ter a minha música registrada por uma grande intérprete que é a Amanda"

Marco Cardozo Jr

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